‘Top Hat’ explora memórias, mas trava o ritmo crescente da série e divide opiniões
O penúltimo episódio de The Penguin, intitulado “Top Hat”, segue o padrão de suspense característico das séries de prestígio atuais, utilizando um flashback logo no início para acrescentar camadas ao enredo. Esse recurso, ainda que bem colocado, levanta a questão se o show se beneficia de tantas idas ao passado, dado que o ritmo já parecia comprometido. Apesar de trazer revelações sobre o lado sombrio de Oz quando criança, o flashback falha em aprofundar a complexidade emocional do personagem, perdendo a oportunidade de explorar o impacto psicológico do fratricídio e o relacionamento conturbado com sua mãe, Francis. Ela, por sua vez, continua sendo um enigma; em meio à sua frieza e brutalidade, a personagem acaba entregando cenas mais consistentes e memoráveis, muito em parte pela interpretação de Deirdre O’Connell, especialmente na representação da demência.
As interações entre personagens são o ponto alto de “Top Hat”. A série acerta em representar encontros que respeitam a dinâmica única de cada personagem, e isso brilha nas trocas entre Francis e Sofia, que colocam em perspectiva o vínculo intenso e, ao mesmo tempo, distorcido que Francis tem com Oz. Sua defesa ferrenha do filho, apesar de todos os conflitos entre eles, reforça o mantra “Ninguém mexe com meu filho, exceto eu”.
A narrativa segue com Oz em busca de vingança e a rivalidade com Salvatore Maroni atinge um ponto inesperado quando um ataque cardíaco interrompe o confronto direto. Essa reviravolta humaniza o embate, revelando um lado estratégico de Oz, que insiste em assegurar que Maroni saiba, no último instante, quem venceu. Esse momento surpreende e oferece uma camada interessante à personalidade de Oz, embora ainda pareça insuficiente para elevar o episódio.
No entanto, a conclusão de “Top Hat” acaba decepcionando. Apesar da tensão e de uma sequência explosiva, o episódio termina em um ponto similar ao início, sem avanços significativos na história. Salvatore sai de cena, o império Bliss está abalado, mas o público fica com a sensação de que o enredo ainda não atingiu o clímax prometido. As questões levantadas são importantes para o desenvolvimento da trama, mas a execução falha em manter o engajamento, deixando “Top Hat” como um episódio que entrega momentos pontuais e necessários, mas pouco satisfatórios.
The Penguin promete uma final emocionante, mas este penúltimo capítulo destaca-se menos pelo avanço na narrativa e mais pela consistência nas interações, deixando a expectativa de um final que traga, enfim, a profundidade emocional que esses personagens merecem.