James Gunn faz uma aposta ousada com Creature Commandos e dá amostras de sua visão para o futuro do DCU

O pontapé inicial do novo Universo DC (DCU), liderado por James Gunn e Peter Safran, chega de forma inusitada com Creature Commandos, uma animação irreverente e cheia de personalidade. A série, que estreia no próximo dia 05 de dezembro na Max, aposta em um grupo de monstros pouco conhecidos liderados por Rick Flag Sr. (Frank Grillo), combinando ação, humor ácido e narrativas emocionais. Embora a escolha pareça arriscada, o resultado reflete o estilo marcante de Gunn e estabelece o tom para o futuro do DCU.
Na história, Amanda Waller (Viola Davis), após o colapso do Esquadrão Suicida, forma a Força Tarefa M. A equipe é composta por figuras como a Noiva Frankenstein (Indira Varma), Dr. Phosphorus (Alan Tudyk), Nina Mazursky (Zoë Chao), Doninha e G.I. Robô. Juntos, eles enfrentam a feiticeira Circe enquanto protegem a herdeira de um trono europeu. A narrativa, ambientada um ano após a primeira temporada de Pacificador, mistura missões explosivas, flashbacks de origens trágicas e momentos de humor.
O destaque fica para Bride/A Noiva, que emerge como a protagonista emocional da série, com cenas impactantes tanto na ação quanto no drama. G.I. Robot também rouba a cena com sua combinação de humor e carisma, enquanto Doninha surpreende ao ter sua história explorada de forma mais profunda.
A estrutura da série, com episódios curtos de cerca de 20 minutos, é um desafio. Embora permita um ritmo acelerado, também resulta em histórias resolvidas de forma apressada, o que limita o impacto emocional de algumas tramas. A montagem fragmentada dos flashbacks é um exemplo disso, entregando momentos eficazes, mas que poderiam ser mais desenvolvidos com mais tempo de tela.
Como é marca registrada de Gunn, a trilha sonora é cuidadosamente escolhida, combinando folk europeu e punk rock para dar um toque único à animação. No entanto, o uso excessivo de músicas em cenas de ação pode parecer um artifício forçado para alguns espectadores, mas nada que afete a qualidade da animação.
Já o humor, outra característica de Gunn, oscila. Apesar de piadas certeiras e momentos genuinamente engraçados, há situações que soam imaturas ou desnecessariamente exageradas, especialmente no tom sexualizado de alguns personagens. Ainda assim, o balanço entre comédia, ação e emoção mantém a série envolvente.
Mais do que uma história isolada, Creature Commandos cumpre um papel importante como transição entre o antigo DCEU e o novo DCU. Gunn evita um reboot completo, apresentando um mundo já estabelecido, com heróis, vilões e participações especiais que enriquecem a narrativa. Embora esses elementos não sejam essenciais para acompanhar a série, eles dão pistas sobre o que esperar do futuro da DC.
Creature Commandos é uma estreia ousada que exemplifica a visão de James Gunn para o DCU: narrativas emocionantes, personagens excêntricos e uma dose saudável de caos. Apesar de suas limitações, a série entrega uma experiência divertida, coesa e cheia de potencial para expandir esse novo universo. Se essa animação é um indicativo da qualidade das próximas produções, os fãs têm muito o que esperar.
Nota: 8,5/10